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Sugerido para você :D - Por Gustavo Rodrigues


Recentemente, a Netflix, produtora e plataforma de streaming, lançou um documentário intitulado como The Social Dilemma, ou “O Dilema das Redes”. O documentário traz nomes importantes das grandes empresas de mídias sociais, como a Google, Facebook, Twitter, Pinterest, entre outras gigantes do ramo. O documentário trata, principalmente, sobre como a atenção dos usuários das plataformas digitais foi transformada em um produto por estas grandes empresas.


Em determinado ponto, o documentário afirma que tudo o que é feito online, é milimetricamente calculado, mensurado e pensado para ser transformado em dinheiro. Andrew Lewis certa vez disse: "Se você não está pagando por isso, você não é o cliente, você é o produto sendo vendido". Na perspectiva do marketing, estas empresas de mídias sociais foram geniais, ao alugar um espaço amplamente frequentado para ser um ambiente de negócios, seja para grandes empresas dos mais diversos segmentos, de bancos a cursos, ou até mesmo para seus usuários alçarem seus negócios. Estas estratégias, inegavelmente, resultaram em receitas multibilionárias para estas gigantes do mercado digital, mas aqui cabe a seguinte reflexão: qual o preço que se paga pela gratuidade?


O documentário supracitado traz à tona alguns fatos que passam desapercebidos por seus usuários, como fato é que estes aplicativos e redes sociais conhecem melhor seus usuários do que eles próprios. Refletindo sobre a máxima: se você não paga por um produto, você é o produto, se torna muito claro que aqueles que utilizam as redes sociais não são, de fato, os clientes; os clientes são os anunciantes que podem direcionar seus anúncios a um público que, provavelmente, será muito mais receptivo ao seu produto. Não é exagero pensar que, de certa forma, a privacidade do usuário acaba sendo posta em jogo, ou melhor, à venda.


Em um estudo levantado pela ISTOÉ DINHEIRO, é afirmado que estas gigantes transformam, sim, os dados e informações dos usuários em receitas, mas tudo isso com o consentimento dos mesmos. Ainda, o estudo relata que dentre estas empresas, a de maior destaque é a Google, que não apenas armazena as pesquisas realizadas por seus usuários. A coleta de dados da empresa consiste em nomes, endereços, sites visitados, números de telefones, endereços de IP, e-mails enviados e recebidos pela plataforma do Gmail e até mesmo as interações com anúncios.


Vale ressaltar que esta segmentação precisa e cirúrgica, é genial e tornou-se essencial ao marketing como conhecemos hoje. Dificilmente, ao conversarmos com algumas pessoas que são empreendedoras ou trabalham com marketing, encontraremos alguém que não utiliza de uma ou mais estratégias de algoritmos para alavancar seus produtos e serviços. Atualmente, é esta venda de informações que faz da Google uma das maiores empresas da atualidade. Em 2017, dos US$110,7 bilhões arrecadados pela empresa, aproximadamente 87,89% do montante, ou seja, cerca de US$97,3 bilhões foram obtidos através das suas estratégias de publicidade.


Também é valido observar que outro gigante da comunicação, o Facebook, recentemente foi alvo de escândalos relacionados a privacidade de seus inscritos. Em 2017, a BBC publicou uma reportagem sobre a utilização de perfis falsos em redes sociais para disseminar (des)informação e influenciar as eleições de 2018 através da estimulação do comportamento de manada. O comportamento de manada é um termo fomentado por Wilfred Trotter e diz respeito à característica psicológica dos seres humanos que se refere à tendência de seguirem um influenciador ou mesmo um grupo.


É evidente que o mercado de dados surge com cada vez mais força e pouco se diz respeito a privacidade do usuário, que é, literalmente, posta à venda com o consentimento do usuário, o que abre espaço para uma discussão ainda mais abrangente. De modo algum, nós, usuários das redes sociais, somos isentos de uma parcela de culpa, mas, certamente, a legalidade e do destino dos dados coletados deveriam possuir limites rigidamente respeitados. E o que esperar do futuro? Será que a privacidade será como um dos contos que ouvimos de nossos avós enquanto crianças e mal podíamos acreditar que se tratavam da realidade do passado? Quanto a isto, nos resta esperar e nos policiarmos sobre as informações que consentimos, “involuntariamente”, em fornecer.



Gustavo Ferraz Rodrigues

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