Ao longo dos anos, o padrão de beleza feminino sofreu diversas mudanças, adaptando-se conforme o contexto histórico. Em sociedades mais antigas, as quais eram dominadas por homens, os ideais físicos das mulheres não eram explorados profundamente. Esse é o caso da Grécia Antiga, em havia muita preocupação com a estética e beleza, mas era focada principalmente nos corpos masculinos, e também da Idade Média, quando o corpo feminino
era associado ao pecado e consequentemente um tabu. Entretanto, com a chegada do Renascimento, houve maior representação dos corpos femininos, mostrando que o padrão desejado da época era um corpo farto, com pele branca e cabelo claro, características essas que continuaram durante os próximos séculos como o modelo a ser seguido na sociedade ocidental.
Transformações significativas ocorrem no século XX, sendo a principal delas a adoção do corpo magro como a representação do belo e a grande rejeição de físicos que fossem diferentes desse padrão. Seja nas televisões, propagandas ou passarelas, a imagem da mulher alta, magra e sem celulites ou gordura ganhou total espaço, marginalizando os corpos fartos e transformando a palavra “gorda” em uma ofensa. Mesmo que atualmente corpos mais curvilíneos tenham ganhado destaque, isso vale apenas para certas características, como seios mais fartos, uma vez que corpos gordos ainda são considerados feios ou indesejados pela maioria das mulheres.
É nesse contexto que surge um movimento muito importante: o Plus Size. Podendo ser traduzido como “tamanho maior”, esse movimento busca encontrar maior aceitação aos corpos que estão acima do padrão, principalmente no mercado de vestuário, que há tantos anos é focado em numerações menores e faz com que muitas mulheres não se sintam confortáveis com suas próprias roupas, tendo que usar um número limitado de modelos e estampas.
Um desafio presente no mercado Plus Size é que as principais marcas de roupas não fabricavam modelagem maior, ou quando faziam, era para apenas algumas peças. Isso mudou muito atualmente, com novas empresas surgindo para investir de verdade nesse nicho e mostrar que, independentemente do seu corpo, a mulher pode se sentir bem e vestir o que acha bonito e adequado. A Abravest, Associação Brasileira do Vestuário, constatou que esse mercado movimentou 7 bilhões de reais apenas no Brasil durante 2018 e 2019, enquanto a ABPS, Associação Brasil Plus Size, registrou um crescimento de 10% no mercado Plus Size durante 2020.
Um ponto interessante do vestuário Plus Size é que ele envolve tanto marcas que já existiam, mas buscam diversificar seus tamanhos, como novos empreendimentos criados especificamente para atender esse mercado. No primeiro caso, é possível citar a Riachuelo, que já vendia roupas Plus Size em todas as suas lojas, mas criou duas marcas específicas para atender esse público, e a Renner, que criou sua primeira coleção Plus Size em 2010 e lançou a marca Ashua em 2016, também focada em vender uma numeração maior.
No caso de empreendimentos próprios, diversas marcas e lojas utilizam as redes sociais como forma de divulgação e ferramenta de venda. É esse mesmo espaço que também popularizou algumas modelos Plus Size, que mostram seu dia a dia, as roupas que vestem e principalmente passam mensagens de positividade e aceitação. Um exemplo é Letticia Munniz, que acumula 707 mil seguidores no Instagram e além de modelo e apresentadora, se posiciona como uma ativista do corpo, compartilhando muitos vídeos de conscientização.
Portanto, é possível compreender o enorme potencial que o mercado Plus Size tem, principalmente com as novas discussões de diversidade. Todavia, ainda é necessário reconhecer as limitações da sociedade, já que a gordofobia ainda é muito presente, e mesmo que a indústria tenha começado a pensar diferente, não significa que todos os problemas relacionados aos corpos fora do padrão magro estejam resolvidos, ainda há muita evolução a ser conquistada.
Bruna Manesco
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