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  • Foto do escritorMarkEsalq USP/ESALQ

Marcas em Guerra: O Consumidor na Linha de Tiro - Por Bruno Almeida

Competição de mercado é algo bom para os consumidores, isso é algo que ninguém pode discutir. Quando empresas tem que disputar uma base consumidora, isso leva à melhor qualidade de produtos, variedade, inovação e preços mais baixos. O marketing, portanto, tem papel importante, ajudando essas empresas a se diferenciarem de seus rivais, divulgando o seu produto. Contudo, o que acontece quando esse marketing se torna tão eficiente que leva ao público tomar partido em detrimento próprio?

Quando duas ou mais marcas competem pelo mesmo público-alvo, vendendo o mesmo tipo de produto, é comum cada indivíduo ter uma preferência, um favorito.

Empresas de “fast food” são um bom exemplo disso, às vezes com propagandas e estratégias de marketing que fazem uso do conflito, explicando de maneira humorosa a superioridade do seu produto. No entanto, ao vender alimentos, existe um limite natural para essa “briga”, já que consumidores tendem a buscar variedade e, caso não exista escolha, dificilmente se recusarão a frequentar um estabelecimento se o concorrente não estiver disponível no local.

O problema surge quando esse comportamento se intensifica: clientes de diferentes empresas lutando um com os outros, formando grupos análogos a tribos. Exemplo disso são as guerras de telefones – iPhone contra Android – e videogames – Xbox contra Playstation. Isso não é tão importante para as organizações, onde ter clientes fidelizados, a ponto de defenderem publicamente sua marca e atacar a de adversários, pode ser visto como algo positivo. Porém, existe a possibilidade de essa “guerra” se tornar prejudicial para os compradores.

Quando o tribalismo se intensifica, levando a clientela a repudiar todos os produtos criados por aqueles identificados como inimigos, isso abre a porta para que a própria empresa que eles defendem os explorarem, seja por meio de preços mais altos que o normal ou pela fabricação de um produto inferior. Quando a popularidade da mercadoria é decorrente não de sua qualidade, mas de sua fama, sendo popular demais para falhar, não há incentivo para expender dinheiro e esforço. Emerge um ambiente equivalente a um monopólio, pois quando a base consumidora pretende que a competição é inviável, é como se ela não existisse.

Recentemente, a empresa Epic Games abriu um processo contra a Apple, questionando o poder da empresa de proibir o download de aplicativos fora da loja de aplicativos do iPhone, apesar de após a venda, os celulares serem propriedade dos clientes. Ao mesmo tempo objetou do poder que a empresa tem de controlar o preço de itens em lojas de outros eletrônicos, já que ela retira quaisquer aplicativos que têm preços diferentes em outros lugares.

Esse processo resultaria em algo positivo para os consumidores, permitindo um maior controle sobre os seus telefones. Apesar disso, devido à popularidade da Apple e do fato da Epic Games também estar envolvida em uma rivalidade tribal com outra empresa mais popular que ela, chamada Valve, isso fez com que grande parte do público tomasse partido contra ela. O processo, hoje ainda em andamento, ainda é ridicularizado por fãs da Apple e inimigos da Epic, número considerável de pessoas.

Os consumidores devem ter cuidado. A apologia de marcas é benéfica em certas situações, a maioria das empresas buscando consumidores apologéticos e fazendo uso de competição para atrair defensores, mas devemos sempre estar atentos para saber quando parar e prestar atenção. Nesse mundo moderno, achar uma empresa que compartilha seus valores é algo positivo, mas cautela é necessária para que esses valores não sejam manipulados.


Bruno Almeida

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