Uma das primeiras coisas que um estudante de marketing aprende, é que inovação é algo positivo.
Consumidores tendem a preferir empresas que consideram ser inovadoras, com produtos pioneiros e serviços inéditos. “Novidade” é uma característica de mercadorias que atrai vários compradores. No entanto, há uma dúvida: isso significa que todo produto deve ser inovador? Afinal, há produtos que fazem de “tradição” seu slogan, onde qualquer mudança é vista com olhares pessimistas. O exemplo clássico disso é a Coca-Cola. Em 1985 a empresa tentou melhorar o sabor de sua bebida, mas encontrou enorme rejeição, com a maioria de seus clientes repudiando a alteração. Mesmo assim, estudiosos consideram a inovação ser algo bom para as empresas como um fato fixo. Por quê?
Simples, porque muitas pessoas, ao ouvirem sobre inovação, imaginam que é um sinônimo de mudança. Na verdade, inovação no contexto do marketing, não significa somente originalidade ou alteração, mas também aperfeiçoamento, melhor implementação do que já existe.
O erro da Coca-Cola não foi a criação do novo sabor, que antes do anúncio, tinha recebido muitos elogios. Foi tentar substituir o sabor clássico pelo novo, acabando com a existência do anterior. É até difícil definir essa confusão como inovação. Foi criado algo novo, mas em vez de ser um produto independente, ele tentou tomar o lugar do anterior e não melhorou a marca. Foi um “sidegrade” e não um “upgrade”.
É possível criar um produto inovador sem usar ideias originais. Ao juntar as melhores características de outras mercadorias similares, é possível criar um item novo, que apesar de não ser inovador no quesito tradicional, ainda é um aperfeiçoamento em relação aos seus competidores, o que leva o público a entender isso como inventividade.
Uma organização que faz dessa linha de pensamento a base de quase todos os seus lançamentos é a Riot Games. Essa empresa de videogames é famosa por não criar produtos originais, em vez disso ela analisa tudo que suas concorrentes fazem de certo e errado, reúne as qualidades e conserta os defeitos usando soluções já existentes. Um exemplo disso é o jogo de tiro “Valorant” que copiou a maneira como ele funciona do jogo “CS:GO” e adicionou atributos do jogo “Overwatch”, ambos de companhias rivais. Além disso, considerou os aspectos mais odiados pela clientela de seus competidores e tentou remove-los ou conserta-los.
A Riot Games é uma empresa que, de acordo com a definição clássica, não é original. Nunca age como pioneira, sempre entrando em um setor depois que pelo menos uma concorrente já tenha se estabelecido.
Até alguns de seus próprios fãs consideram seus jogos uma espécie de “Frankenstein”,
uma amalgamação de outros.
Mesmo assim, seus produtos rapidamente adquirem popularidade, uma quantidade significante até superando seus oponentes que eram os primeiros do mercado, conquistando seus usuários.
Inovação é algo que toda empresa deve buscar, mas esse conceito significa também aperfeiçoamento, não só originalidade. O marketing de sua empresa pode sim ser baseado em estabilidade, tradição e nostalgia, pois melhorar seu produto não quer dizer acabar com o que já existe.
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