Com a crescente popularização das novas mídias digitais e as diversas formas de comunicação entre as crianças, surge um novo fator: o novo comportamento adulto na infância. Tais comportamentos podem ser marcados pela vinda do Tiktok, Instagram, Youtube e demais plataformas digitais, as quais são responsáveis por transformar as crianças em celebridades e publicitárias. Por conta disso, as antigas realizações infantis, tais como as brincadeiras de rua, são deixadas de lado e uma nova era de agendas lotadas vem à tona.
De acordo com a revista Canguru News, mais de 70% das crianças possuem celulares ou tablets antes mesmo de completar 10 anos. Desta forma, visualiza-se um olhar antenado às novas tendências que permeiam ao redor do mundo, tais como a moda, a personalidade da internet e a comunicação, as quais são responsáveis por construírem novas socializações e fachadas. Sendo assim, essa construção faz com que a infância das crianças seja voltada ao marketing infantil, o qual introduz as crianças a um mundo de responsabilidades e afazeres e as tornam como os novos adultos da sociedade.
Um dos maiores exemplos deste assunto é a Maisa Silva, sendo considerada a queridinha do Brasil por muitos desde a sua infância. A influencer ficou conhecida por conquistar o público desde os seus 3 anos de idade pelos seus trabalhos em novelas e no Programa Silvio Santos, apresentado pelo SBT. Hoje, aos 20 anos, ela trabalha no mundo da atuação e das mídias e utiliza o Twitter como um meio de comunicação entre ela e o público. Desta forma, ela já relatou na rede social que sua infância sempre foi muito corrida e que já foi muito rotulada desde essa época, mas que hoje ela busca sua própria autonomia para as formas de agir e de se apresentar ao público.
Outro exemplo seria a influenciadora Valentina Sobrinho, a qual tem apenas 5 anos e já é muito popular nas redes sociais, alcançando mais de 1 milhão de seguidores no Instagram e 2 milhões de inscritos em seu canal no youtube. Neste aspecto, é aplicado à Valentina uma agenda cheia de afazeres, tais como sessões de fotos, propagandas e vídeos para seu canal no youtube, sendo visível que grande parte de seu tempo na infância é dedicado ao marketing. Além disso, o seu cotidiano é exposto ao público, fazendo com que a mesma tenha que saber como agir e o que mostrar para as pessoas que a assistem.
Tendo em vista essa nova realidade construída nas crianças, o marketing infantil está cada vez mais presente e também se torna comum entre elas. Atualmente, é possível ver crianças trocando as brincadeiras presenciais e interações em grupo pelos vídeos de curta metragem e transmissões ao vivo, as quais são realizadas no TikTok, no Instagram e no Youtube, além de estarem sempre ansiosas pelo número de visualizações em seus vídeos. Além disso, a busca pela publicidade e pelo marketing entre as crianças vem crescendo ao passar do tempo, tendo em vista que as mesmas se espelham pelo comportamento de outras celebridades, ou até mesmo são influenciadas desde o nascimento pelos seus parentes próximos.
Já para as relações familiares, a criança acaba tendo um papel decisivo nas contribuições familiares. Desta forma, a mesma passa a ter mais valorização e a ser mais ouvida nesses ambientes, tendo em vista que a mesma contribui em grande escala para o mercado de consumo e no poder de compra da família. Em um estudo realizado pelos pesquisadores Gunter e Furnham, os mesmos revelam que será comum visualizar um mundo em que as próprias crianças realizam quaisquer compras sozinhas, sem supervisão dos pais.
Portanto, é nítido o quão forte o marketing infantil vem crescendo, gerando enormes reconhecimentos e oportunidades para diversas pessoas. Contudo, é muito importante ressaltar que é necessário prezar pela segurança e pela supervisão dessas crianças. Isto é, por mais que as crianças estejam cada vez mais envolvidas no mundo dos negócios e das mídias, há a necessidade de atenção para os conteúdos impróprios e questões que prejudiquem a sanidade mental das mesmas, tais como o cyberbullying e as perseguições. Desta forma, cabe aos familiares o papel de supervisionar e proteger as crianças de quaisquer fatores que venham a prejudicar ou a traumatizá-las.
Paulo Henrique Esteves Zanoto
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