O início do século XXI foi marcado pela popularização da internet, e com ela, a ascensão das redes sociais. Facebook, Instagram e Twitter, por exemplo, são redes sociais ofertadas de forma gratuita para o público, bem como o conteúdo produzido pelos influenciadores digitais. Considerando que não há remuneração direta para tais criadores de conteúdo por parte das plataformas, estes se sustentam por meio de publicidades para as mais diversas marcas e produtos.
Figura 1: Redes sociais
Fonte: Olhar Digital
As empresas veem em influenciadores digitais uma oportunidade de divulgação mais natural para os consumidores. Com isso, pagam para os criadores de conteúdo exporem seus produtos, buscando visibilidade. Neste contexto, o marketing digital por influenciadores se torna benéfico para as companhias. Isto ocorre devido à credibilidade que os influencers passam. Uma pesquisa desenvolvida pela Rapyd mostra que 76% dos brasileiros confiam nas informações sobre produtos divulgados por criadores de conteúdo.
Por outro lado, isto abre a possibilidade de propagandas enganosas. Tomemos como exemplo as propagandas relacionadas ao corpo feminino, principalmente no Instagram. Influenciadoras afirmam que ficaram com “barriga chapada” em poucos dias, apenas com a utilização de cremes redutores de medidas. Porém, o que a maioria do público não sabe é que elas escondem suas lipoaspirações, treinos regulares e alimentação regrada. Devido à credibilidade dos criadores de conteúdo, juntamente com a omissão de informações, o público compra a ideia transmitida, e, consequentemente, o produto. Ademais, isto perpetua os padrões de beleza vigentes, incentivando a busca por um tipo de corpo irreal.
Outra situação existente é o mar de sorteios ilegais, sem regulamentação e muitas vezes falsos, a que diversos influenciadores se rendem por dinheiro. Prometem iPhones, smartwatches ou diversas maquiagens, desde que as regras do sorteio sejam cumpridas, como marcar amigos nos comentários e seguir perfis indicados. Isto mostra que o objetivo é, além do famigerado poder de aquisição, o engajamento e crescimento do perfil do influenciador e da empresa patrocinadora, mesmo que de forma ilegal, visto que, no Brasil, são proibidos estes tipos de sorteio. Desta forma, fica evidente a necessidade de se discutir a ética nas redes sociais: a escolha de considerar como prioridade a própria remuneração ou o bem-estar do público que os acompanha nas redes sociais.
Figura 2: Influenciador Digital
Fonte: Vadim Martynenko em Shutterstock
Assim, como público, é necessário atenção com promessas suspeitas, por mais que a comunicação de influenciadores passe credibilidade, pois a internet é cercada de “fake news”. Para os criadores de conteúdo, por sua vez, há a necessidade de análise de patrocinadores, para a busca de produtos com qualidade comprovada ou ações efetivas e legais, com uma preocupação maior com a ética individual. Neste contexto, a regulamentação e, principalmente, a fiscalização de conteúdo por parte dos aplicativos seria um modo de reduzir estas práticas ilegais e enganosas.
Giuliana Ucelli Simioni
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